quarta-feira, 2 de maio de 2018


Sua Majestade o Músico

            Após colocar Adão e Eva no Paraíso, Deus notou que o casal, com o passar dos dias, estava ficando entediado. Convocou então um grupo de anjos musicistas que com suas harpas passou a deleitar os dias do casal. Mas, após expulso do Paraíso, o casal se multiplicou lá fora e com ele seu apego pela música. Dentre os humanos que se multiplicavam, alguns nasceram com o dom dos anjos e passaram então a desenvolver suas aptidões musicais. E eles foram se multiplicando com o passar dos anos e formando seus grupos musicais.
            Foram surgindo, então, os instrumentos musicais com seus formatos diversos. Criaram uma linguagem própria e livros exclusivos que apelidaram de partituras. São sinais de formatos diversos, com funções diversas que só eles entendem. Foi aí que surgiram as orquestras que hoje reúnem  cinquenta a cem músicos e que encantam multidões. Agora você se assenta diante delas e fica estupefato com tanta beleza, com tanta arte. Os músicos, na leitura de suas partituras dão vida, movimento, àquelas figurinhas que parecem dançar sob comando deles ao invés deles tocarem ao comando delas. Algumas daquelas figuras, de cabeça branca, parecem cansadas e se movimentam lentamente. Outras, aladas, quanto mais asas possuem mais ágeis se movimentam.
            Os músicos, numa harmonia divinal trazida do universo, passam a tocar seus instrumentos sob a batuta de um só homem, o maestro, que entende a linguagem de cada instrumento. Junto ao maestro se posta o pianista. Debruçado sob seu teclado, inicia lentos movimentos sob a escuta dos demais músicos, que o acompanham com vozes suaves. Num instante o pianista entre em êxtase, e suas mãos passam a deslizar sobre as teclas numa velocidade descomunal. As figurinhas de seu livro explodem numa dança arrebatadora, quanto mais aladas, mais velozes. De repente, o pianista dá um “break”. A orquestra em coro o aplaude vigorosamente, cada instrumento com o seu timbre! O maestro, enlevado, bota ordem na casa, e convoca cada naipe de instrumentos a aplaudir, um  de cada vez. É um espetáculo de rara beleza! A plateia, emocionada, aguarda silenciosa o momento final para explodir vigorosamente. Os músicos se levantam e se curvam. É a apoteose envolvendo homens e mulheres especialmente criados por Deus.

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