CÂMARAS DE VEREADORES

Ultimamente a sociedade mais politizada vem se insurgindo contra o comportamento, muitas vezes, antiético em nossas câmaras de vereadores. Dir-se-ia um bom sinal essa preocupação aparente. Mas, na verdade, a câmara de vereadores, como os políticos em geral, nada mais são do que um reflexo da sociedade. Então, essa cobrança contra os eleitos, não surte qualquer efeito, porque o defeito está no corpo eleitoral. Como afirma Luciano Marinho, Procurador Federal, “Democracia significa identidade entre governantes e governados”.
A democracia brasileira padece de um mal sem cura, em curto prazo: a desigualdade social. Como salienta o citado Procurador “um cidadão é suficientemente opulento para comprar outro e alguns são pobres o suficiente para se sentirem constrangidos a verder-se” (SIC). Em síntese, é a dolorosa verdade expressa no aforismo: cada povo tem o governo que merece.
Um determinado vereador, após ser censurado por um pronunciamento seu, justificou-se no plenário: “O que eu disse é a pura verdade. Tenho recebido aplausos de meus amigos”. Então, quem está criticando o comportamento desastroso de muitos vereadores não são seus eleitores, que continuarão votando neles, mas os eleitores que mandaram para a câmara políticos de boa formação. Não estou me referindo aos vereadores semianalfabetos que estão fazendo carreira política, estes também têm boas ideias, mas, aos incautos, inconsequentes, que falam de tudo, até do que não entendem.
Assim, a solução só virá com o tempo. Quando politizarmos nosso povo, abrandarmos os desconcertantes desníveis sociais. Criarmos uma sociedade onde todos tenham direitos iguais, onde, pelo menos, não se passe fome.
Utopia? Pode ser, mas, se o for, então podemos desistir de lutar por políticos escorreitos, dignos de nos representarem em nossas difamadas câmaras.