Irritado com a
indiferença do legislador brasileiro ante a violência crescente, cheguei a
afirmar que a solução só viria no dia que nossos "medalhões"
passassem à condição de vítimas. Neste final de semana, lendo o livro Vi
Acontecer, de Walter Alencar, deparei-me com o seguinte fato verídico: certa
feita uma onda de arrombamentos estava tomando conta da cidade de Salvador. O
Secretário de Segurança Pública pôs a polícia de alerta e encetou uma campanha
para por ordem na casa. Um dia foi procurado por um grupo de policiais que
alegaram estar carregando água no cesto, pois todo meliante preso era portador
de um habeas corpus. O Secretário mandou vir ao seu gabinete um assaltante com
inúmeras entradas nas delegacias e propôs-lhe mandá-lo de volta ao seu Estado,
deste que ele lhe prestasse um serviço. Passou-lhe um endereço e lhe disse que
após assaltar aquele imóvel ele poderia voltar para a sua terra natal. Naquela
madrugada alguns policiais ficaram à espreita e
logo que o marginal saiu com um saco às costas eles o apreenderam deixaram o
assaltante fugir. No dia seguinte, antes que o Secretário de Segurança
chegasse, já um juiz o esperava irritado exigindo imediatas providências da
polícia,já que sua casa fora assaltada. O Secretário mandou buscar o sado apreendido
e logo o juiz identificou seus pertences. Após recebê-los elogiou a eficiência
policial, mas fez questão de conhecer o ousado meliante. O Secretário
comunicou-lhe da impossibilidade, já que o preso era portador de um habeas
corpus e fora libertado. O juiz baixou a cabeça e deixou a Secretaria jurando
que jamais assinaria novos salvos-condutos em sua vida. O magistrado
aposentou-se sem quebrar a sua jura. E a onda de assaltos foi contida em
Salvador.
domingo, 2 de junho de 2013
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