domingo, 2 de junho de 2013

Irritado com a indiferença do legislador brasileiro ante a violência crescente, cheguei a afirmar que a solução só viria no dia que nossos "medalhões" passassem à condição de vítimas. Neste final de semana, lendo o livro Vi Acontecer, de Walter Alencar, deparei-me com o seguinte fato verídico: certa feita uma onda de arrombamentos estava tomando conta da cidade de Salvador. O Secretário de Segurança Pública pôs a polícia de alerta e encetou uma campanha para por ordem na casa. Um dia foi procurado por um grupo de policiais que alegaram estar carregando água no cesto, pois todo meliante preso era portador de um habeas corpus. O Secretário mandou vir ao seu gabinete um assaltante com inúmeras entradas nas delegacias e propôs-lhe mandá-lo de volta ao seu Estado, deste que ele lhe prestasse um serviço. Passou-lhe um endereço e lhe disse que após assaltar aquele imóvel ele poderia voltar para a sua terra natal. Naquela madrugada alguns policiais ficaram à espreita e logo que o marginal saiu com um saco às costas eles o apreenderam deixaram o assaltante fugir. No dia seguinte, antes que o Secretário de Segurança chegasse, já um juiz o esperava irritado exigindo imediatas providências da polícia,já que sua casa fora assaltada. O Secretário mandou buscar o sado apreendido e logo o juiz identificou seus pertences. Após recebê-los elogiou a eficiência policial, mas fez questão de conhecer o ousado meliante. O Secretário comunicou-lhe da impossibilidade, já que o preso era portador de um habeas corpus e fora libertado. O juiz baixou a cabeça e deixou a Secretaria jurando que jamais assinaria novos salvos-condutos em sua vida. O magistrado aposentou-se sem quebrar a sua jura. E a onda de assaltos foi contida em Salvador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário